
Alice anda impaciente consigo mesma. São tantas coisas... Escola do filho, trabalho chato com um chefe pentelho, uma casa com pessoas de diferentes personalidades para administrar e uma incessante vontade de ouvir Pink Floyd.
Quando chega em casa, joga sapato, bolsa, meias e todos os penduricalhos femininos em algum canto da sala, joga-se no sofá e por ali fica... Ah! Aquele instante que possui a eternidade de uma quimera...
Como o de costume naquele horário, o vizinho do apartamento ao lado liga o Rádio FM no ultimo volume com suas músicas sertanejas; detalhe: Zezé de Camargo e Luciano – como odeia esse estilo musical e essa dupla em especial! (...).
Como já é de costume naquele horário, levanta e branda em alto e bom som: - Como é difícil ser eu! E quantas são as dificuldades... Alice ama e não é amada; na caixa de entrada de mensagens do celular, inúmeros torpedos do namorado com os seguintes dizeres: “- tigrona, seu tigrão tá a fim de te pegar rsrsrs. Vamos fazer selvageria hoje à noite? Espero resposta. Uma lambida bem gostosa você sabe aonde rsrs”. Como ela odiava esse tipo de mensagem... Não era tigresa, tão pouco tigrona, e se sentia meio que um naco de carne ambulante, já que o cidadão quando gozava, virava pro lado, acendia o cigarro e dormia.
Alice foi correr e trouxe como companhia seus fantasmas... Pensou nas coisas que fez e que deveriam ter sido feitas de outro modo; colocou-se prazos para executar planos estacionados e terminar os em andamento. Planejar talvez seja a única forma de pôr-se regras... Sempre detestou metas! (...) Sempre preferiu o improviso da vida que uma possível frustração de uma meta não atingida.
Ligou pro namorado e lhe dispensou! Não quer só gozar, quer fazer amor! – será que os homens não percebem o óbvio? Sempre tão preocupados com o seu prazer e suas necessidades... Para uma mulher não é só o ato em si que importa; muitas das vezes, o depois é que dá a satisfação, não apenas para o corpo mais também à alma...
Após o banho, executou todas as tarefas diárias que sempre fez em casa. Cansada, foi para sacada e olho para o céu – “que lindo céu faz hoje...” Observou a lua e no baforar do cigarro viu sua sombra e o contorno que parecia ser gente; pensou: “- minha sombra poderia até ter vida!”. Riu de si mesma... Riu por ser quem é e exatamente por saber quem era, que não sabia quem era, o que confundia sua cabeça. Sempre se sentiu várias... Há nela a dona de casa, a amiga, a mãe, a trabalhadora, a puta, a cidadã, a briguenta, a solitária...
A bem da verdade há uma Alice em cada esquina. Todas esperando e desejando ser compreendidas, amadas e reconhecidas... Muito mais que saias, batons e gemidos, Alice é uma forma de expressão! Um meio de colocar pra fora tudo aquilo que acha ou que pensa. Sem o estereotipemos de sexo frágil ou palavras de ordem feministas.
Toda mulher se faz de louca, toda mulher, é meio Alice.
* Mais uma vez escrevo sobre Alice, pois ela sempre me surpreende positivamente. E mais uma vez recomendo a todos que a leiam.
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13 Responses to “TODA A MULHER É MEIO ALICE*”
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É verdade daniel! mt mais que saias e gemidos as alices por aí esperam serem compreendidas e amadas! Mt bom msm Daniel! Como disse no outro comentário. Estou enchergando mt mais propriedade e objetividade em sua nova fase! parabens e até!
1 de abril de 2009 às 10:36Eu não sei bem mas parece que já tinha lido esse post. No entanto, está tudo bem, seu conteúdo é original. E é mesmo: existe uma mulher tipo "Alice" em cada esquina.
1 de abril de 2009 às 14:30e eu gostaria de me cruzar com ela... :)
Abraços e, mais uma vez, parabéns pelo novo blog!
Sabe, Alice no País das maravilhas é um dos contos mais psicodélicos que conheço depois é claro que Alice no País dos Espelhos o que vai mais a fundo na psique da pequena Alice.
2 de abril de 2009 às 06:15Todas as mulheres tem sim o "Q" de Alice, de Joana, de Maria e de tantos outros nomes que se junta-se todas, encontraríamos uma, com perfeções e imperfeições, com dias e horas diferentes mas com crises iguais, enquanto nós Romeus, Daniéis, Atilas... enfim todos nós macacos sem pelo somos o paradoxo da sensibilidade que se temos por um lado a sensibilidade de amar todos estes pontos de perfeição e de imperfeição temos também a friesa de muitas vezes escoder todo este amor, todo este tesão, toda esta admiração, tanto para nós mesmos como para todos os outros.
E enquanto mantermos o exteriotipo do macho a moda antiga, ainda teremos que penar na mão das modernas mulheres, não digo que devamos ser metrosexuais, mas sim exopor-mo-nos mais as Alices que nos são valiosas!
sobre o convite, para que email que eu mando?
claro que esta de pé!
Pensei que ela ia suicidar-se. Na verdade, torci...
2 de abril de 2009 às 13:37foi mal..hehehe
Edgar Borges
ainda no www.edgarb.blogspot.com
Eu sou muito de Alice!... às vezes nada, também...
2 de abril de 2009 às 15:17Eu sou bem Alice. Bem mesmo.
2 de abril de 2009 às 16:25Daniel, é minha primeira vez aqui no seu mais novo espaço :) Com certeza a mudança de endereço não alterou a qualidade e meu interesse pelos seus posts ..
2 de abril de 2009 às 16:50E realmente, toda mulher é meio Alice.. uns dias por completo, outros nem tanto, mas sempre um tanto de Alice!
Baci.
Oi,Daniel,
3 de abril de 2009 às 08:39Ótimo texto. Somos tão simples que chegamos a este grau de complexidade que nem mesmo a gente entende...aliás,nós somos as que menos entendemos.
Um abraço
E ai meu amigo....foi malz a demora mas estava malzz...mas ja melhorei.....
4 de abril de 2009 às 06:21com certeza existe..varias alices espalhadas por ai ne......é parte desse jogo..basta sairmos delas....
paraens pelo novo blog...
abraços
Meu, tu perdeu a oficina. muito legal.
4 de abril de 2009 às 09:27acho que todas tem uma alice aqui dentro porem tem dias que ela esta evidente ja outros não
4 de abril de 2009 às 11:18E dizem por aí que quando "Alice" a mulher usa de um subterfúgio: seu alter-ego anárquico. Daí ela pode mais o que, se não "Alice", poderia.
5 de abril de 2009 às 07:57Alice
aliceesuasombra.blogspot.com
E dizem por aí que quando "Alice" a mulher usa de um subterfúgio: seu alter-ego anárquico. Daí ela pode mais o que, se não "Alice", poderia.
5 de abril de 2009 às 07:57Alice
aliceesuasombra.blogspot.com
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