TEMOS O DIREITO DE NÃO TER DIREITOS?

terça-feira, 14 de julho de 2009


“O que mata um jardim não é mesmo alguma ausência, nem o abandono... O que mata um jardim é esse olhar vazio de quem por eles passa indiferente”. (Mário Quintana).

Nesses últimos dias ando tendo um Seminário em minha Faculdade chamado “Os Desafios da Contemporaneidade”. Tal curso tem por objetivo lançar aos olhos dos futuros Assistentes Sociais, as mazelas que assolam nossa atual sociedade e as formas de combate das mesmas.

O curso de filosofia ministrado pelo professor Gleiton de Lima tem sido um caso a parte. Na ultima aula o mesmo levantou uma questão do “Direito de Não Ter Direito”. Explico! A Sociedade na época de chumbo no Brasil era mais responsável, pró-ativa e determinada, pois tentava terminar com a Ditadura imposta pelo regime militar. Eram pessoas atrás do direito de ter seus direitos. Direitos esses que nunca tinham provado de fato, já que a dita “liberdade Democrática” só aconteceu verdadeiramente após o Movimento das “Diretas Já”.

Nós, “sociedade democrática” de fato e direito vive o tempo do “Direito de Não Ter Direito”, ou seja, teoricamente vivemos no total gozo da “democracia”, porém, convém perguntar: - queremos e estamos exercendo essa democracia?

Temos consciência do que vêm a ser democracia? Teoricamente “democracia” é o poder que emana do povo para o povo. Vejamos: Temos educação, saúde e infra-estrutura básica como corrobora a art. 5º da C/F de 88?

Hoje, no horário de almoço assistindo a um programa local em um artigo lido pelo apresentador, estarreci para a possibilidade colocada no escrito de José Sarney ser novamente Presidente da República... Sim! Segundo o escrito, vêm se ventilando em Brasília da possibilidade de Lula renunciar ao cargo para entrar de cabeça na eleição de Dilma. Se o quadro de saúde de José Alencar continuar se agravando, o mesmo não poderia assumir; sendo assim, pela ordem hierárquica assumiria o Presidente da Câmara, todavia, ele seria o vice da Chefa da casa civil, então sobraria para quem à República? Sarney!
O que mais me estarreceu na informação não foi só a possibilidade de Sarney mesmo que por pouco tempo assumir a república, mas a satisfação nos olhos do “jornalista”, conterrâneo da velha raposa.

Infelizmente, essa possibilidade é real! (...). Só neste País, um político com as características de José Sarney consegue ser eleito por seus pares para Presidir e terceira principal casa representativa do País. O brasileiro tem o costume de responsabilizar apenas os políticos se eximindo da sua responsabilidade. Sim! Pois que os elege? Quem permite que tal palhaçada continue a ser vivenciada?

Dentro deste contexto encaixo a dinâmica promovida pelo professor de Filosofia. Hoje, grande parte das pessoas tem como resposta para os escândalos vividos atualmente por este país a máxima do “é assim mesmo”. Lula e o PT estão promovendo neste Brasil a “revolução dos Caras de Pau!”. Antigamente sabia-se que roubava, mas as coisas eram feitas por “debaixo do pano”, às escuras... Hoje é tudo escancarado e “pelo bem da nação” (afinal, sacrifícios têm de ser feitos).

E a população? O povo “heróico do brado retumbante” exerce o direito de não ter direito algum, afinal, não se pode mais nada! Vejam: - a mídia induz as pessoas que os fins sim justificam os meios e que aparência é tudo e já não vele ser o mero desconhecido (BBB, A Fazenda, etc). Assim, ilude e aliena as pessoas e como bem diz o Pensador, “a programação existe pra você não perceber que o programado é você”. Aliás, a Globo elegeu e destitui o Collor e avalizou Lula, com quem será que a mesma ficará? PSDB ou PT? Aliás, qual é a diferença entre essas duas agremiações políticas mesmo?

Os partidos políticos estão todos corrompidos, o sistema político é viciado, corrupto e carcomido. Com os seguidos escândalos, as pessoas de atitude e de ideais estão se afastando do quadro partidário. A população não está “nem aí pra política”. O judiciário advoga em nome dos poderosos, enfim... Que direito temos? Que possibilidades temos? O que queremos? O que adianta está entre os países emergentes se não há um população cidadã?

Essa “política do direito de não ter direito” é direito que assiste a qualquer pessoa. Porém, deixo aqui uma questão: temos do Direito de dá aos nossos filhos e neto um país sem perspectivas alguma, corrupto onde poucos têm direito a alguma coisa?!


EXTRA:


Neiva tempo desses me mandou um e-mail pendido que melhor explicasse o Voto Nulo. Como já faz algum tempo que estou lhe devendo essa resposta, posto aqui, porém, não com as minhas palavras, mas sim, a do professor Gleiton. Já faz algum tempo que lhe enviei um e-mail (meu ensino é o EAD, então, contato só por e-mail) pedindo sua opinião sobre essa questão. Eis na integra:

Daniel.
Primeiramente venho agradecer o contato e dizer que estou à disposição para qualquer questionamento seu. Bem... O Voto Nulo é um tema que promove debates calorosos, haja vista que nele não existe meio termo, ou se é a favor ou contra a este meio de protesto popular.

Legalmente, faz parte das possibilidades de voto que um indivíduo possui. Democraticamente falando, é uma opção democrática que reflete o não contentamento com a proposta dos candidatos e o cerne da questão reside aí.

Particularmente falando sou a favor e endosso a idéia de que é a melhor forma de protesto contra o regime político atual que se traduz em corrupção, mostrados quase que todos os dias na mídia nacional. Se 50% mais 1 da população votar nulo, anularia o pleito e uma nova demanda eleitoral seria convocada. Todavia, obviamente que quem vota nulo uma vez é capaz de votar nulo 100 vezes. Dentro deste raciocínio, abrir-se-ia uma possibilidade de reforma política geral, pois o povo estaria nas urnas, democraticamente, afirmando não concordar mais com o atual regime.

Mas Daniel, devo lhe dizer aqui também o seguinte: para chegarmos a este nível a população brasileira estaria em seu nível máximo de descontentamento. Vejo que já há um desenho disso, mas é um movimento lento, que ainda não chegou ao seu ápice, contudo, já está ocorrendo através de votos em protesto que elegeram figuras como o falecido estilista Clodovil Hernandes e o cantor de forró Frank Aguiar.

Quem defende o voto nulo o faz pelos motivos acima descritos. Aqueles que são contra, afirmam que acaso isto aconteça abrir-se-ia possibilidades de aventureiros conseguirem tirar algum tipo de vantagem da situação, e é só lembrar-se da eleição de 1989 em que Fernando Collor foi eleito. Há também os que são contra por questões ideológicas ou que tem seus interesses a defender.

É isso Daniel, essa questão passa pelo discernimento individual, pois cada qual possui sua visão de mundo e vê as coisas de seu prisma. Se o prisma geral for o descontentamento, logo o voto nulo vingará como uma opção de protesto popular que pode trazer as mudanças necessárias que você e eu tanto almejamos.

Um abraço e até outra oportunidade.
Gleiton.

Comments

8 Responses to “TEMOS O DIREITO DE NÃO TER DIREITOS?”
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~*Rebeca*~ disse...

O Néctar da Flor oferece um selo DIGA NÃO AO PLÁGIO! Somos originas, porque somos únicos. Cada ser um humano tem uma emoção individual. Por mais que as palavras e os pensamentos sejam parecidos, não temos o direito de pegar algo de alguém e dizer que é nosso. Não podemos trocar palavras e rasurar o sentir do próximo. Encontramos inspiração em alguém, na natureza, na vida, mas não temos o direito de copiar sentimentos. Inspiração é uma coisa, xerocar palavras alheias é outra.



Beijos jogados no ar, sempre!



[para pegar o selo clique na imagem]



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14 de julho de 2009 às 23:28
~*Rebeca*~ disse...

Daniel,

Faz anos que não voto. Tenho verdadeiro asco por essa política brasileira. Quando quero viajar pra fora, vou no TRE pago uma multa que não é cara e sigo feliz. Não sou uma alienada, tento fazer com minhas próprias mãos algo que valha a pena para nossas crianças. Enfim, quando penso em Sarney, vem à mente uma época. Eu tinha uns 10 anos quando Tancredo Neves morreu e Sarney assumiu a presidência. Desde então eu só vejo coisa ruim desse cara.

Obrigada pelo apoio lá no blog, viu?

Que seu dia seja de luz!

Rebeca

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15 de julho de 2009 às 08:07
Bárbara Stracke disse...

sem contar que o nosso país é um grande jardim de esquecimentos...

bjz

15 de julho de 2009 às 08:52
ZEPOVO disse...

Voto em branco jamais será protesto, não para democratas. Voto em branco está mais para a anarquia, o que não parece ser a linha de vcs. Sou socialista e por isso democrata e jamais vou achar que voto em branco seja uma atitude inteligente, acho uma burrice!
Concordo com a teoria do "direito de não ter direito", no sentido de que não temos no Brasil a Constituição cumprida a risca, raramente o cidadão comum recebe o que tem direito na saúde, educação e segurança, ao mesmo tempo acredito que mudanças são percebidas e já podem ser visualizadas no futuro próximo. Voto branco não vai ajudar nas mudanças que precisamos, mas a união popular sim!

15 de julho de 2009 às 16:47
ZEPOVO disse...

Lá no blog Sakucheio vc se mostra surpreso e irônico com minha constante defesa ao Governo Lula.
Eu estou ao lado de no mínimo 80% dos brasileiros, o que é apenas um número mas dá uma enorme pista de que minha atitude é até banal!
E agora sempre lembro que 80% não podem mais ser traduzidos por pessoas sem estudo,cadastradas no "Bolsas" e idiotas em geral.
Matematicamente somos brasileiros de todas as classes incluindo de empressários a operários, de doutores executivos aos pobres desempregados por desqualificação profissional...

15 de julho de 2009 às 17:04
Unknown disse...

Sera que gozamos de todos esses direitos????ou tudo é uma farça..???


bom pensar ne..

abraçao

15 de julho de 2009 às 18:51

Daniel,

Obrigada pela resposta.

Conclui do texto que a opção de Voto Nulo é apenas uma forma de protesto vazia, sem sugerir ou propor algo para substituir o que se nega, ainda que entenda que este algo não é oferecido por não estar disponível hoje. É pena.

Gostaria muito de encontrar uma opção válida não apenas de protesto como também de participação efetiva em uma mudança.

Beijos!

16 de julho de 2009 às 15:43
Jairo Borges disse...

Mt bem observado Daniel! Será que realment estamos utilizando o nosso direito à democracia? Fiz um post questioando isso no invariavelmentevariavel.

20 de julho de 2009 às 16:54